Uma próxima apresentação no dia 20 de Novembro, irá introduzir alguma informação sobre a tradição jazzistica, nomeadamente o conceito de "canon" ou repertório dentro de uma actividade que é caracterizada pela transformação do material de origem através da prática da improvisação. Que define um standard? Existe tradição notacional? Que parâmetros musicais são transmitidos pela notação abreviada ou leadsheet? Quais são as estratégias de preparação dos músicos de jazz para o palco?
A apresentação de Paulo Gomes usará como foco e exemplo a maravilhosa I loves you Porgy de G. Gershwin, da ópera Porgy & Bess, obra que bem representa a confluência de estilos e tradições musicais - falo do jazz e a chamada "música clássica" - aparentemente separados por um abismo cultural, e no entanto, tão próximos nas suas fontes e matérias primas (o som, os acordes tríades, a tonalidade, a forma, etc.)
I Loves You Porgy
I Loves You Porgy
Deixo aqui dois vídeos que têm I loves you Porgy como ponto de partida.
Para abrir o apetite, e tirado de um concerto em directo de Keith Jarrett, o primeiro vídeo mostra, na minha opinião, a capacidade imensa de reelaboração deste músico extraordinário. A reharmonização surpreendente, que ilumina cantinhos da canção que julgávamos conhecer bem; o tratamento contrapuntístico, que nos leva a um mundo distante da canção original, e no entanto surge organica e naturalmente dela; a forma ingénua como ele usa a melodia da parte central como introdução...
(sim, já sei que a experiência de alguns ficará estragada pelas caretas e contorsões corporais de Jarrett; eu tento ouvir e não olhar muito para ele!)
O segundo, tirado do site de Dough Mackenzie, ilustra com ajuda da notação automática e a análise "em tempo real", a música que se va ouvindo.
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