(Traduzido livremente do post "N. Paganini - F. Liszt: La campanella", no blog Audición y Apreciación musical):
A 9 de março de 1831, Niccolò Paganini dava seus primeiros concertos em Paris. Durante os anos anteriores muitas histórias corriam de boca em boca sobre este génio do violino, estranho e enervante. Quando, bem na década de quarenta, a sua figura misteriosa finalmente surgiu em Viena, Paris e Londres, para confirmar a legenda que lhe precedia, o efeito foi indescritível.
Um novo e demoníaco estilo performativo (estas é a palavra mais frequente em tudo o que foi escrito sobre Paganini), com um abandono selvagem, saltou dos seus dedos, acabando com a compostura de todos os que ouviram. O seu aspecto magro e murcho, e sua expressão selvagem eram os complementos aterradores da música que tocava. Não admira que lhe fossem atribuídos pactos com o diabo.
A sua paranóia chegou ao ponto de dar as partituras de suas obras para orquestra só para os ensaios, e recolhe-las imediatamente após o concerto, para evitar que fossem copiadas. Quase nada de sua produção foi publicada durante a sua vida.
Franz Liszt estava na platéia durante essa noite de 1831. Nunca se recuperou da experiência. "Durante duas semanas, a minha mente e minhas mãos eram as de um louco", ele escreveu para seu discípulo Pierre Wolff. "Prático quatro a cinco horas por dia ... Se eu não enlouquecer, você vai encontrar em mim um verdadeiro artista. Deus, quanto sofrimento e miséria, tanta agonia nessas quatro cordas!"
A magia pura de Paganini, o acrobata músico, deixou Liszt sem fôlego e o levou-o a desejar ser o Paganini do teclado. Mergulhou nos 24 Caprichos do italiano e, em 1838, apresentou a transcrição de cinco deles como Transcendental Etudes d'après Paganini. "Intocáveis", é o adjetivo mais suave que lhes foi atribuído. Intocáveis eram, de facto, pelo menos na sua primeira versão. Liszt realizou duas versões destes estudos, a primeira no mesmo ano de 1838, e a segunda e última em 1851, um ano antes de escrever uma das maiores obras já compostas para o piano: a Sonata em Si menor.
A versão 1851, que é a mais comum hoje, foi intitulada Grandes Études de Paganini. Além das cinco transcrições dos Caprichos, a série incluia uma transcrição do segundo movimento do Concerto para Violino em Si menor do genovês: La Campanella. A transcrição para piano é em Sol # menor.
Para os mais curiosos, este documentário fascinante sobre a figura de Paganini
"Paganini's Daemon : A Most Enduring Legend". Vale a pena!
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